Comissão de Transportes discute dificuldades da mobilidade a pé

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O cidadão paulistano encontra diariamente inúmeras dificuldades para se locomover dentro da cidade e, dentre as opções de mobilidade, a que deveria se mostrar como a mais simples se revela, a cada dia, como a mais difícil: andar a pé. Foi esta dificuldade que os vereadores discutiram hoje (27) na reunião da Comissão de Transportes.
 
A má condição das calçadas, principal via de circulação dos pedestres, foi um dos pontos cruciais da discussão. Merli Malatesta, urbanista e presidente da Comissão Técnica de Mobilidade a Pé e Acessibilidade da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), apontou falhas graves na construção das calçadas da cidade, como métodos e pisos inadequados, além da falta de manutenção e o grande número de buracos. Ela chamou a atenção também para o rebaixamento das calçadas, destacando que “é impossível a utilização por idosos, cadeirantes e pessoas que levam carrinho. O rebaixamento torna as calçadas paulistanas um pesadelo”.
 
Silvia Cruz, secretária executiva da Comissão Técnica de Mobilidade a Pé e Acessibilidade da ANTP, destacou também a carência de dados sobre a mobilidade a pé na cidade. “Queremos propor políticas públicas, mas não existem dados estatísticos sobre pedestres, por isso estamos trabalhando para gerar dados neste sentido. O pedestre em São Paulo só vira estatística quando morre”, reclamou.
 
Os semáforos foram outro ponto criticado por Silvia. Ela enfatizou a necessidade de que os tempos destes equipamentos sejam calculados pensando também nos pedestres. “Hoje eles são programados apenas para garantir a fluidez do trânsito. Isso ocorre também porque não temos estatísticas seguras em relação as necessidades dos pedestres. Os números usados atualmente são oriundos de outros países e não refletem a nossa realidade”, explicou.
 
O aparente descaso exposto é, para o vereador Ricardo Young (Rede), reflexo de um sistema de prioridade que coloca o pedestre em escanteio. Young ressaltou o fato destacando que “o viário é dedicado, em primeiro lugar, aos automóveis e ao transporte público, enquanto o pedestre é praticamente ignorado pelas políticas públicas”.
 
O parlamentar lembrou que tramita na Câmara desde 2011 o Estatuto do Pedestre. O projeto de autoria coletiva tem como premissa estabelecer os direitos e deveres dos pedestres, bem como proporcionar medidas de melhorias na mobilidade. O texto já foi aprovado em todas as comissões necessárias e está pronto para votação. A Comissão de Transportes deve pautar debates sobre o tema nas próximas reuniões.
 
Young pediu que todos os presentes participem deste diálogo. “Gostaríamos de contar com a participação de todos e a contribuição de coletivos que tratam do tema na capital paulista para construirmos soluções para esta questão fundamental para a cidade”, concluiu.

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