Não à truculência e autoritarismo contra estudantes

Estudante
 
Os veículos de comunicação têm noticiado nas últimas semanas a ocupação de escolas técnicas estaduais (Etecs) em São Paulo. Grupos de alunos acampam em algumas unidades, em protesto contra a precarização das Etecs, os cortes na educação, o baixo salário de professores, a falta de refeições nas escolas e o desvio da verba destinada para a compra de merenda.
 
Pois bem. Hoje pela manhã fui surpreendido com informações sobre uma ação truculenta da polícia militar, que, sem mandado judicial, retirou os jovens de quatro das unidades ocupadas.
Levaram para delegacias menores de idade de 16 e 17 anos, sob alegações de depredação do patrimônio público, que constrangem por sua inverdade até o delegado de plantão.
 
Fui, junto com alguns assessores meus e de outros vereadores, pra as DP’s para onde os estudantes foram encaminhados. O que vi foram pais perplexos com o autoritarismo e adolescentes me fizeram lembrar minha juventude, época em que no movimento estudantil participei de mobilizações contra a ditadura. Em comum entre eu e estes jovens, a sensação de olhar a polícia como inimiga. Triste.
 
Esta semana foi marcada por uma conquista que reafirma o estado de direito e o funcionamento das nossas instituições para além do interesse político partidário. Porém, importantíssimo frisar que isso não dá àqueles que se entendem vencedores no processo o direito de se arrogarem qualquer poder além daquele que lhes é determinado por lei.
 
Em outras palavras, nós estamos sentindo aqui no estado de São Paulo que essa ação da polícia militar contra uma manifestação pacífica demonstra um exagero e uma arbitrariedade.
 
Não houve diálogo. Foi na base da pressão que os estudantes que ocuparam a Assembleia Legislativa conseguiram a CPI da Merenda. Agora os estudantes se manifestavam pacificamente e a polícia detém esses jovens, menores de idade, sem mandado de reintegração, em cima de uma declaração da Procuradoria Geral do Estado, sem qualquer consistência jurídica.
 
Importante lembrar também que quem autorizou a polícia militar a fazer isso acabou de ser empossado como ministro da justiça.
Na saída da DP estive com os pais e eles atestaram que estiveram nas Etecs e que estava tudo em ordem. Eles recomendaram a seus filhos que não fizessem nada além daquilo mesmo que estavam fazendo, que era se manifestarem. Alguns pais me mostraram também um e-mail, que supostamente seria do diretor da Centro Paula Souza, incitando aluno contra alunos, para ver se criava um fato consumado que justificasse a invasão.
 
Se isso for verdade, os alunos não responderam a esta provocação eles precisaram criar um outro álibi, o que resultou nessa arbitrariedade.
 
Os pais estão revoltados. Sentem que seus filhos estão sendo motivo de manipulação política por parte do governo estadual e da polícia militar. Pediram uma audiência aqui na Câmara para que pais e alunos deem a sua versão dos fatos. Já solicitei essa audiência ao presidente da Comissão de Direitos Humanos, vereador Laércio Benko (PHS), com o acompanhamento da presidência da Casa e é isso que nós estamos encaminhando por aqui. Na segunda-feira devemos ter mais novidade.
 
Não podemos deixar que a polarização se reflita em autoritarismo. A violência contra manifestações precisa ser um capítulo encerrado da história do nosso país.

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